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Caro Pipo,

A história também guarda voz e memória aos derrotados. Eles muitas vezes são retratados como pano de fundo dos vencedores, como agentes menores e coadjuvantes.

Partindo disso, poderíamos evocar como a família Facincani contribuiu diretamente para um dos maiores traumas da vida palestrina em 1986. Num primeiro momento, a leitura daquele fatídico episódio foi condenar como um dos maiores vexames do alviverde, onde pela primeira vez uma equipe do interior paulista superava um clube da capital numa decisão, nos relegando a mais uma temporada de angústia, gozações e jejum de títulos. 

Mas o tempo nos reservou algo maior e com ele nossa exaltação foi maiúscula em 12 de junho de 1993, que curou todas as feridas na alma dos esmeraldinos.

Entretanto, nossa intenção nessa missiva não é caçar bruxas, apontar dedos, vilanizar quem quer que seja. Muito pelo contrário. Ressentimentos revividos não evolui o espírito de ninguém. O perdão ainda é um bálsamo santo, no nosso entendimento. Alivia, eleva e purifica.

As vezes a recorrência no erro persiste e nos trai. Faz parte, pois somos seres humanos e falíveis. Nosso processo de ascensão é forjado em quedas constantes até aprendermos o caminho correto.

Em 2016 quando era repórter da Rádio Bandeirantes você foi processado pelo ex-presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras, Paulo de Almeida Nobre, por causa de um áudio de Whatsapp em que, entre outras coisas, o chama de "escória da presidência do Palmeiras”, após a derrota por 4 a 1 para o Água Santa no começo de 2016.

Agora, após nova derrota do Palmeiras diante do seu maior rival, você atinge novamente os palmeirenses. Dessa vez, diminuindo nossa história e conquistas. Entretanto, a ofensa não se restringe a atual gestão apenas, a instituição e seus torcedores. 
Ela se estende a quem a construiu com enorme esforço, suor e dedicação em defesa das nossas cores. Biografias de atletas como Oberdan, Dudu, Ademir, Julinho Botelho, entre outros, todos campeões e legendas do futebol, que sangraram em campo pelo alviverde foram resumidas nas suas palavras a um: “pelo amor de Deus me dá um título”.

Não interpretamos como uma falha de caráter de sua parte. Não lhe conhecemos profundamente para fazer essa afirmação. Talvez sua colocação tenha sido causada por uma falta de maturidade ou emoção exacerbada. Presumimos.

Apontar nossos erros no Derby, onde obtivemos mais uma constrangedora derrota, apontar erros da atual gestão, apontar deficiências técnicas dos nossos atletas e treinador, bem como todo tipo de crítica e análise faz parte da sua profissão. Podemos, por vezes, não concordar. Mas respeitamos.

No entanto, quando você menospreza a nossa história, isso é inaceitável. Atinge diretamente nossa alma. E isso repudiamos com toda energia e veemência.

Você é jovem, excelente profissional de comunicação, inteligente, teve lições na sua vida devido as consequências dos seus atos, trabalha numa das maiores e mais importantes redes de comunicação do mundo e tem alma verde como nós.

Por tudo isso, por lhe respeitar, também exigimos respeito. Uma retratação pública da sua parte aos nossos campeões mundiais e brasileiros do passado é o que basta. Seria um gesto digno de quem reputamos ter esse preceito como valor e conduta.