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TEMOS UM MEIO PARA VENCER?

04/08/2020 | Por Léo Lustosa

Foto por - (Thiago Ferri)

Polêmicas à parte, o Palmeiras entra em campo nesta quarta-feira (05/08) para enfrentar o seu maior rival, Corinthians, em partida de ida válida do Campeonato Paulista. Após resultados e/ou desempenhos questionáveis desde a volta do futebol após a pausa causada pela pandemia do Covid-19, a equipe apresentou um melhor futebol na semifinal contra a Ponte Preta, muito por conta da insistência em manter a escalação do último jogo contra o Santo André.

Desde que chegou, Vanderlei Luxemburgo demonstrou por vezes bastante dúvida em relação a melhor formação ofensiva para o time. O estilo de jogo apoiado, com posse de bola e trocas de passes rápidas, defendido pelo técnico em sua chegada, em muitas ocasiões esbarrou em defesas fechadas e na morosidade de seus atletas no cumprimento de suas funções em campo. A função de meia-armador, por exemplo, chegou a ser desempenhada por Lucas Lima, Gustavo Scarpa, Raphael Veiga e Zé Rafael, sendo que nenhum demonstrou consistência e apresentou números que garantissem a sua permanência no time titular.

Por isso, Vanderlei buscou, desde o jogo contra o Santo André, uma nova alternativa, ao incluir 2 garotos da base, Patrick de Paula e Gabriel Menino, com promissor desempenho nos últimos jogos, e Ramires, nome com muita expectativa e pouca sequência até então. O jogo até teve bom início, mas o tripé de meio foi logo desfeito no intervalo por Luxemburgo. Com a vitória assegurada, o comandante voltou a insistir nessa formação no triunfo contra a Ponte, onde por cerca de 60min tivemos um futebol mais agressivo e com mais criação (13 finalizações, 5 no alvo e 2 grandes chances só no 1° tempo).

Vejamos como a dinâmica de meio, onde todo o jogo acontece, funciona:

Mapa de calor fornecido pelo aplicativo Sofascore.

Patrick de Paula é um jogador polivalente. Descoberto pela captação do Palmeiras na Taça das Favelas, no RJ, já foi usado mais a frente, pelos lados ou como meia armador, mas foi jogando mais atrás que descobriu seu lugar em campo. Patrick, como no último jogo, pode fazer muito bem a saída de bola, recebendo entre os zagueiros ou sendo apoio pela esquerda, pronto para sair da pressão com seu drible curto e acionar um passe para o lateral ou ainda para algum dos atacantes que recebe bola ao meio. Muitas vezes também foi visto que, pelo fato do Palmeiras concentrar o jogo no setor esquerdo, os volantes buscavam inversões para Marcos Rocha, que atacava pelo lado direito. O prêmio para sua atuação foi o gol, no finalzinho do 1° tempo, que demonstra uma outra capacidade do jogador: a coragem para finalização de qualquer lugar do campo, incluindo de bola parada. A verdade é que o garoto mal assumiu a camisa 5 e a maturidade em seu comportamento e gestos já mostra a personalidade que tem para se manter na posição por muito tempo.

Ramires, em alguns momentos pelo Palmeiras, havia demonstrado minutos do que se espera dele: a combatividade, presença em campo e possibilidade de infiltração. No entanto, os problemas físicos, desde que chegou do futebol chinês, não permitiram uma boa sequência. No jogo contra o Água Santa, quando entrou vindo do banco, Ramires marcou o gol de empate em cruzamento de Marcos Rocha. Não é um jogador essencialmente criativo nos passes, mas mostrou que pode ser boa alternativa junto aos garotos no meio campo pelo poder de finalização (1.6/ jogo em sua última temporada completa na China), já que a equipe possui dois laterais (Viña e Rocha) com boa capacidade de cruzamento, além de Rony que também busca bastante a jogada pelo fundo.

O gol de Ramires.

Gabriel Menino, por sua vez, é mais uma jóia da base palestrina. É outro jogador que pode fazer tudo e muito bem. As atuações “quebrando um galho” na lateral direita nos jogos anteriores levaram as cornetas alviverdes a pedirem mais espaço para ele no meio campo. Contra o Santo André chegou a deixar Willian na cara do gol, mas foi contra a Ponte que o atleta de 19 anos mostrou que pode ser o elo entre o meio e o ataque. Na partida, Menino criou 3 chances de gol nos primeiros 15min, muito além de qualquer atuação de um dos nossos medalhões desde o início do ano. Foi responsável ainda por 5 interceptações e 2 desarmes no jogo, demonstrando muita intensidade na marcação (que deve ser às vezes mais contida para não gerar cartões).

Também impressiona sua variação de posicionamento: pode cair por qualquer um dos lados para fazer o cruzamento (é ambidestro) ou dar o passe quebrando linhas pelo meio, como na imagem abaixo.

Há muito ainda que ser feito, principalmente em relação à finalização das jogadas. Willian e Rony muitas vezes demonstram dificuldade em tomar a melhor decisão ou finalizar com precisão. Outra dificuldade é a passividade e lentidão na circulação da bola, que faz o time ser inofensivo contra defesas bem montadas. Ainda devemos olhar para a questão Luiz Adriano: o time não se conecta tanto com o camisa 10 (15 passes/ 2 passes decisivos contra a Ponte), que é boa opção nos apoios para quem vem de trás ou para finalizar ao gol.

 Contudo, a exibição do último domingo mostra um bom caminho a ser desenvolvido no setor de meio, onde havia muitas dificuldades desde o começo do ano. Vale lembrar que Luxemburgo chegou a testar formações com 4 meio-campistas ou apenas com 2, deixando a Dudu o encargo de armar o jogo. Então, a questão não é exatamente em relação ao número de meio-campistas ou ao da formação, mas sim em relação ao preenchimento dos melhores espaços dentro de campo e propósito de cada jogador dentro de sua função.

O complemento de cada jogador ao outro na formação testada e a possibilidade de usar algum dos meias no 2°, de acordo com a necessidade da partida, faz com que o torcedor possa ter algumas garantias. Devemos lembrar também que Gabriel Verón, outro nome que promete, ainda deve voltar de lesão em algumas semanas e pode fazer a diferença no ataque, tanto pelo entrosamento com os outros garotos como pela capacidade de ser alternativa em potencial para os lados do campo, com bom 1x1 e fome pelo gol.

Paciência, torcedor! O cenário pode não ser dos melhores por enquanto, mas ainda a equipe ainda tem muito a crescer.

Avanti!

(Colaborador: Taylon M.)

AUTOR

Léo Lustosa

Engenheiro Químico em formação e Palmeirense FORMADO!

Comentários:

Junior
Contra os gambás entraria com esse meio e Scarpa no Willian
Marco_bevenucci
Texto top, acho que esse meio pode dar liga e compensar a falta de um 10 por enquanto
José Ap
Espero que Luxa de sequência aos garotos mesmo que algum jogo oscilam um pouco. São diferenciados..
Lucas Paixao
texto fera demais!
Fabio Carvalho
Podia falar tambem se o Alanzinho encaixa nesse meio, não dá pra contar com Ramires sempre ou com morto do Lucas Lima e Veiga
Pedro H
Menino na lateral era desperdicio, com o tempo ainda vai crescer muito ao lado do Patrick.
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